sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

MEDITEMOS.......

A ESCOLA

“ Escola é..... um lugar onde se faz amigos
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
Gente que trabalha, que estuda,
Que se alegra, se conhece, se estima
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
E a escola será cada vês melhor
Na medida em que cada um se comporte como
Colega, amigo, irmão.
Nada de ilha cercada de gente por todos os lados
Nada de conviver com pessoas e depois descobrir
Que não tem amizade a ninguém,
Nada de ser como o tijolo que forma a parede,
Indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar um ambiente de camaradagem,
É conviver, é se amarrar nela!
Ora, é lógico... numa escola assim vai ser fácil
Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se, ser feliz.”

Paulo Freire

MEMORIAL

Nasci no dia seis de maio de mil novecentos e sessenta e cinco, no município de São Benedito Ceará, em uma família muito simples, sou a segunda de oito irmãos. No ano de mil novecentos e sessenta e oito, minha mãe veio a Brasília a procura do meu pai que tinha vindo há seis meses trabalhar na construção de Brasília, a nova Capital. Ao passarmos nas proximidades da cidade de Paracatu-MG, sofremos um acidente horrível, onde, onze pessoas morreram inclusive uma senhora que estava no seu oitavo mês de gestação. Sofremos alguns ferimentos, sendo que o mais grave foi o meu, um corte profundo na minha perna esquerda, cicatriz profunda que até hoje me faz lembrar aquela madrugada fria, escura e chuvosa.
Sem ter onde morar e sem noticias do meu pai, minha mãe procurou saber onde ele se encontrava através de uns velhos conhecidos que moravam no Gama DF. Ao saber da tragédia, meu pai ficou estarrecido, pois minha mãe não havia comunicado a ele que viria com toda família ao seu encontro, naquele tempo era de costume os nordestinos virem trabalhar aqui em Brasília e constituir uma nova família e nunca mais a esposa tinha noticias do mesmo, minha genitora não queria que o mesmo acontecesse conosco.
Com muito sofrimento e muita luta, depois de algum tempo meus pais conseguiram um lote em Planaltina DF, minha mãe estava grávida e meu pai sofreu um acidente no trabalho, ficando gravemente ferido, ficou um ano com a perna engessada.
Enquanto ele estava em casa minha mãe o alfabetizou. Meu pai colocou em seu coração que faria o possível e o impossível para que seus filhos estudassem, apesar da pobreza e do sacrifício, quando fiz sete anos fui à escola cursar a primeira etapa, tinha apenas um caderno e um lápis, não sabia bem o que estava fazendo ali, não conseguia assimilar o que era o tal do “BA,be,bi,bo,bu” que a professora tanto falava e porque eu tinha que passar o lápis por cima daqueles incansáveis pontinhos, o que eu gostava mesmo era dos desenhos que vinham para colorir, se algum coleguinha me emprestasse os lápis de cores,aquilo sim era que me dava prazer, pena que era muito raro isso acontecer, lembro-me também que de quinze em quinze dias tínhamos recreação de meia hora no final da aula, sempre com brincadeiras dirigidas pela professora, assim aprendi a brincar de queimada, bandeirinha, barra manteiga, amarelinha, pular corda.
Recordo da primeira cartilha que ganhei, meu coração parecia que ia saltar para fora de tanta alegria, era de capa azul, e tinha uma linda e colorida borboleta na capa e se chamava ATALIBA, não via à hora de chegar em casa e mostrar para minha mãe, não me recordo da reação dela, via aquelas letras como o menino que aprendeu a ver, como na historinha que li a pouco tempo.
Os anos que se seguiram não foram fáceis, a dificuldade na aprendizagem era berrante, mas como era uma criança quietinha e comportada acabava indo para outra turma, sem aprender escrever sequer o meu pré- nome, apenas copiava da ficha, que a professora me entregava, para eu copiar, com uma letra super ilegível que ninguém decifrava o que realmente eu queria escrever.
O tempo passava, naquele tempo não se ouvia falar em seriação e sim “etapas,” depois da terceira etapa a criança ia para a terceira série, fiquei retida na primeira etapa, para mim a professora falava javanês. Até que um dia inauguraram uma a Escola Classe 03 de Planaltina, perto da minha casa, uma professora (Valdete, tive o privilégio de tê-la como colega de trabalho há dois anos, ela como contrato temporário), muito dócil foi lecionar em minha turma, ela tinha uns carimbos com desenhos e letras, um dia ela carimbou no meu caderno o desenho de uma faca e o mesmo vinha com um F , foi aí que me deu um estalo, fiz a relação do F com a faca, a professora me disse que o F era da faca, veio então mais uma cópia, agora da família silábica, ficava repetindo FA FE FI FO FU, agora era diferente pois lembrava da faca, comecei então comecei a adquirir a consciência fonológica. Depois disso não tive mais problemas de aprendizagem, logo aprendi a ler.
Quando esse estalo aconteceu, queria que cada criança aprendesse logo a ler e a escrever para não passar o que eu havia passado, aquela época meu pai estava construindo a nossa casa, havia restos de madeira lá dentro da construção e eu gostava muito de escrever com carvão nas paredes do nosso barraco, tive uma idéia, peguei um caderno e um lápis e sai de casa em casa pedindo as mães para que deixassem eu ensinar seus filhos a ler e a escrever, todas as tardes reunia todos na sala ainda em construção, sentavam em tijolos com caderno e lápis nas mãos, em um pedaço de madeira e um pedaço de carvão ensinava tudo que eu já sabia, era tudo muito mágico pois eles aprendiam, cada tarde para mim era muito especial, pois sabia que quando aquelas crianças chegassem aos sete anos não sofreriam tanta vergonha como eu havia sofrido, isso me dava uma enorme satisfação.
Sempre fui uma aluna comportada, caladinha até demais, as dúvidas que surgiam nas aulas as levava comigo, com vergonha dos meus colegas ou da minha professora, tinha medo que ela pensasse que eu não estava prestando atenção, e também de levar bronca, pois em casa sempre que queria saber algo e perguntava para minha mãe, logo ela dava uma bronca e com voz ríspida dizia que eu era muito curiosa e mandava-me parar de ser daquele jeito, de tanto ouvir a frase “pare de fazer perguntas, larga de ser curiosa!”. Por muito tempo mantive esta postura.
Guardo poucas lembranças do tempo em que cursei o ensino fundamental, repeti a terceira série, havia saído da Escola Classe 03 e fui para a Escola 2, até hoje não sei o porquê, achava minha professora super rígida, morria de medo de perguntar o que eu não entendia. Lembro-me da hora da leitura, um aluno começava em voz alta os outros acompanhavam o texto com os olhos, quando ela pedia para outra criança continuar a leitura e que não sabia onde o colega havia parado, ficava o resto da aula de pé, em parte foi bom, pois cobravam de nós entonação e fluência na leitura.
Nesta época eu fazia questão de chegar atrasada, pois o porteiro não deixava as crianças atrasadas entrarem, achava o máximo ir embora, de “consciência tranqüila” por ter feito a “minha parte“ de ter ido à escola, Além de não suportá-la, não tinha conteúdo anterior suficiente para cursar aquela série.
Em vez de me ajudar, me punia, o pior foi repetir a série e no ano seguinte lá estava a dona Judilita( que fez questão de me ridicularizar diante da nova turma).
Quando estava cursando a sexta série, no ano de 1979 meu pai foi transferido ( trabalhava como encarregado de pedreiro, construção civil ) para a cidade de Catalão –GO, fui estudar no Colégio Anchieta, meu pai ganhou uma bolsa de estudos para mim, só que como sempre eu era aquela criança que não se destacava muito, a coisa ficou pior para mim, os alunos desse colégio tinham aula de inglês desde a primeira série, o professor já entrava na sala cumprimentando a turma em inglês, imagine como me sentia, em outro planeta lógico, neste ano fiquei de recuperação em cinco matérias, ficando para a terceira época, como era chamada, mas graças a Deus consegui vencer os conteúdos.
Meu irmão mais velho estudava no Colégio Estadual João Netto de Campos, ele amava estudar lá, além de muitos amigos que fizera, lá tinha uma piscina olímpica, que os alunos desfrutavam até mesmo no fim de semana.
No ano seguinte, pedi minha mãe para me matricular lá também. Para minha tristeza os professores já iniciaram o ano letivo de greve, essa greve durou cerca de três meses, minha ansiedade parecia ser maior do que eu.
Quando as aulas começaram, foi maravilhoso, tudo era muito especial, os professores brilhantes, os colegas se reuniam para estudar, comecei a fazer parte da fanfarra da escola, tocava corneta, mas era apaixonada pelo tarou, fiz belas amizades, aprendi a famosa matemática, que não entrava de forma alguma na minha cabeça. Que tempo maravilhoso! Mas tudo que é bom, infelizmente dura pouco. E foi isso que aconteceu, no mês de julho de 1981, meu pai foi transferido novamente para o DF, foi um dos dias mais tristes para minha família.
Neste ano cursava a oitava série, os conteúdos de algumas matérias já havia estudado no Goiás, tive que rever aqui no Distrito Federal novamente, já tinha outra maturidade, já me interessava pela leitura, pois havia adquirido este hábito com professores de Catalão, que liam histórias para nós em sala de aula, lembro bem do livro A ilha Perdida, tomei gosto pela literatura, gostava de ler foto novela, contos, poesias, apesar de não ter acesso a muitos gêneros textuais, por causa do nível social e cultural da minha família.Quase todas as tardes ia à Biblioteca Setorial Monteiro Lobato, ali mergulha no mundo maravilhoso da fantasia através de obras literárias.
No ano de 1982, havia mudado de colégio novamente, desta vez, fui para um Centro Educacional 1, cursar o primeiro ano básico, meu sonho era ser uma secretária executiva, achava uma profissão interessante, de mulheres elegantes, inteligentes e brilhantes. Este ano foi muito especial para mim, estava na escola mais cobiçada de Planaltina, tinha um prestígio muito grande na sociedade tradicional da região, todos os alunos sonhavam um dia estudar lá. Seu lado cultural era invejado por muitos, nos deixava a par de tudo, nossa diretora ( Selma Guimarães) era super exigente com organização, higiene, pontualidade e nos dava uma noção de respeito e civismo, nunca esquecerei do exemplo que foi para mim.
Era mais um ano de copa do mundo, infelizmente perdemos para a Itália, mas em compensação adquirimos muitos conhecimentos a cerca dos países que estavam participando e disputaram com o Brasil.
Consegui um curso de datilografia que era oferecido aos alunos destaques de cada sala, logo eu que era considerada a “burrinha” nos outros colégios que já havia passado, a didática era totalmente diferente, os professores de lá eram legais e dinâmicos, nos faziam pensar, estudar, pesquisar, ler, dramatizar, dançar..... Que diferença fez em minha vida estudantil.
Para minha surpresa, mais uma vez meu pai foi novamente transferido para o Estado do Pará, fomos morar em uma cidade chamada Barcarena, na época, não existia no mapa do Brasil, fomos discriminados por sermos e possuirmos uma cultura totalmente diferente daquela população. A recepção no novo colégio foi horrível, parecia que eu era um ser extraterrestre, tudo por causa do meu dialeto, riam cada vez que eu abria a boca para falar algo, se eles conhecessem um pouco de sociolingüística, talvez aqueles quatro anos e meio que passei ali, teriam sido mais brandos, imagine uma cearense, criada em Brasília, morando no Pará.
Por falta do curso que queria, recebi alguns conselhos de uma tia ( Lurdes ) que hoje sou muito grata por ter me orientado num momento tão difícil, fui fazer o segundo ano do curso do magistério, muito triste, decepcionada e desanimada, pois não queria ser professora e sim secretária executiva, apesar da profissão exigir pelo menos três idiomas, não tinha condições financeiras,nem para comprar os materiais essenciais para conclusão do meu 2º Grau.
Mas Deus, que me conhece desde o ventre de minha mãe, sabia que iria me apaixonar, e assim foi, antes de terminar o curso já dava uma aula criativa e sem saber preparava minhas aulas para o estágio dentro do construtivismo, era só elogios, minha professora de práticas do ensino me indicou para ser professora em uma escola municipal onde ela era coordenadora pedagógica, ainda estava cursando o terceiro ano do magistério, recebi como um grande desafio, com muita dedicação, no ano seguinte era a professora mais requisitada pelos pais de alunos daquela comunidade, recebi um convite para trabalhar como professora de matemática de 1ª a 4ª séries da única escola particular de Barcarena, e não parou por ai, logo minha diretora da escola municipal, me convidou para lecionar geografia no curso do Mobral de 5ª a 8ª séries. Via portas se abrindo e mergulhei de cabeça, trabalhava nos três períodos, foi cansativo, emagreci cerca de 7 quilos em seis meses, mas foi gratificante, amadureci, bastante.
No ano de 1986, voltamos para o Distrito Federal, sem emprego, mas com experiência e muita vontade de trabalhar. Consegui uma vaga em uma creche na L2 norte CCBB ( Centro Comunitário Batista de Brasília) , foi outra experiência riquíssima, que jamais esquecerei, tive o privilégio de alfabetizar usando histórias bíblicas, convívio com crianças de classes sociais diferentes e também de diversas religiões. Por causa do salário que era pouco, como ele já é chamado o “mínimo”, pedi demissão e fui tentar trabalhar de secretária, não tinha nada haver comigo, passei a trabalhar em uma loja de equipamentos para informática, logo sem nunca ter ligado um computador, meu chefe me entregou um livro e pediu para que eu lesse para poder ministrar aulas de um editor de textos para alguns funcionários do Senado Federal, como poderia ministrar aulas em um computador se nem havia me apresentado a ele?
Para não contrariar meu chefe, assumi a turma, mas foi um desastre, logo fui demitida, passei a tomar pavor de computador, passava longe dele.
Fui trabalhar na Loja do Colegial, parecia um trabalho escravo, mal tinha meia hora para me alimentar, trabalhava de 8h às 22:30h, ganhava o salário comercial, trabalhei lá durante dois anos, pedi demissão. Queria voltara lecionar, mas queria um emprego público, fiz um cursinho preparatório e enfrentei o concurso de novembro de 1991, para a glória de Deus passei.
Em quanto aguardava minha convocação para assumir meu cargo na FEDF, comecei a dar aulas de Ensino Religioso no Colégio João Wesley, em Planaltina, foi muito bom, mas no mês de novembro de 1992, fui convocada, então parti para meu novo vôo.
Hoje estou com quase dezesseis anos trabalhando na Secretaria de educação do DF, tenho tido experiências fascinantes quanto a alfabetização, vejo o quanto é gratificante poder contribuir para que nossas crianças não passem pelo que passei, ou melhor que muitos de nós passamos.
Em 1992, os professores tiveram uma greve que durou setenta e dois dias, no mês de dezembro fui convocada, assumi uma turma de 3ª série, essa turma tinha passado um ano letivo muito difícil, vários professores já haviam passado por ela, os “conteúdos estavam todos atrasados, tive que acelerar e remir o tempo para que os alunos não ficassem ainda mais defasados, graças a Deus conseguimos. No ano seguinte trabalhei com uma 3ª série brilhante, como amei trabalhar com aquela turma no turno matutino, já no vespertino trabalhava como .dinamizadora( era assim chamada a professora que dava aulas de ensino religioso, artes, jogos e recreação, enquanto o professor da turma fazia sua coordenação um trabalho bem exaustivo, eram quatro turmas de 3ª e 4ª séries, ia a cada turma uma vez por semana, mas foi uma experiência única, tive uma noção de como lidar com adolescentes, essas turmas eram de alunos com muita defasagem, estavam há anos nas séries iniciais, desmotivados e muito carentes, economicamente, socialmente e principalmente afetivamente. Mesmo sem saber o que fazer para ajudá-los, pois o magistério não nos preparava para essa realidade, comecei a trabalhar a auto estima deles e o resultado foi surpreendente, no fim do semestre, consegui uma vaga em Planaltina, senti muito em deixá-los, porque trabalhar no Sobradinho II estava muito cansativo, por causa do horário dos ônibus, saía de casa às 6:30 e retornava às 20:00h, mas creio que fiz o que estava ao meu alcance no pouco tempo em estivemos juntos, eles ficaram mais amáveis e confiantes. No segundo semestre, assumi duas turma de “continuando,” estava quase fazendo o que eu realmente queria, mas ainda não estava realizada, até que no ano seguinte fui para outra escola,ser novamente dinamizadora, tive o privilégio de lecionar para uma turminha maravilhosa de Educação infantil, sentia que o tempo voava, então descobri que trabalhar com essa área me dava uma grande satisfação. Mas como eu era novata, acabava ficando com a turma que sobrava, sempre a 1ª série, procurei fazer cursos oferecidos pela Fundação Educacional, que me ajudaram bastante. Com o passar do tempo ficou muito difícil o acesso aos cursos, até que no ano de 1995, assumi uma turma de Reintegração, foi um projeto criado para acabar com a defasagem de idade /série, a turma tinha alunos com 4 e 5 anos de escolarização, mas não sabiam escrever e nem ler sequer o próprio nome, foi um grande desafio, mas tive uma ótima orientação, um curso que foi ministrado durante todo o projeto, no final de um ano e meio, os alunos já criavam seus próprios textos, me senti muito gratificada.
Em 1997, trabalhei como coordenadora, não vi muito meu trabalho, pois tinha que substituir professores que faltavam, foi um ano muito conturbado, houve eleição para diretor, participei de uma das chapas, foi uma experiência super desagradável, presenciei fatos que nunca imaginei que “educadores” seriam capazes de realizar, tudo por causa do “poder”, ainda era muito imatura e não conhecia o mundo da “política”, onde prevalece o discurso sem prática, onde seus próprios interesses estão acima de tudo e de todos, mas continuei minha jornada, alfabetizando com muito afinco e determinação, sempre querendo uma sociedade mais justa, onde os pobres possam conquistar seu espaço com dignidade e respeito.
Nos anos seguintes, consegui finalmente trabalhar com o terceiro período na Educação infantil, que maravilha, quando eu entrava para minha sala de aula, esquecia de tudo lá fora, ali se tornava um pedacinho do céu, até hoje encontro mães e alunos que recordam com muito carinho e saudade dos bons momentos de descoberta que fizemos juntos. É gratificante, encontrar com eles e saber que contribui para que hoje estejam realizando os sonhos que projetaram naquele ano, nas conversas nas rodinhas, nas orações que fazíamos antes de começar a aula.
Durante 2000 e 2003, fui assistente de direção, foi outro horizonte que vi diante dos meus olhos, uma rica experiência, que nos transporta para outro anglo, comecei enxergar coisas que dentro da sala de aula não percebia, principalmente, conhecer um pouco mais do ser humano, suas capacidades e suas fragilidades, ganhei um novo olhar, percebi uma nova dimensão, vi que quando queremos podemos fazer a diferença, tanto para o positivo quanto para o negativo.
Aprendi muito com diversos tipos de profissionais.
Nos anos seguintes voltei para a minha querida Pré- escola, que refrigério para minha alma, poder contribuir para que nossa sociedade futuramente tenha cidadãos críticos, responsáveis, seguros, que compreendam que além de seus direitos, possuem também deveres para com a sociedade.
No inicio de 2008, vim para a tutoria da Educação infantil, tive uma visão mais ampla da educação em Planaltina-DF, que muito alegrou meu coração em saber que existem professores bem comprometidos, com projetos riquíssimos e apaixonados pelo que fazem. Mas com um desejo tremendo de ter uma formação continuada, como este desse ano.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

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Alfabetização e linguagem

A professora Márcia Regina Alves, pessoa linda que tive o privilégio de conhecer este ano, nos deu uma aula sobre Alfabetização e letramento, foi muito esclarecedora, aprendemos que língua, é um sistema que tem como centro a interação verbal (através de textos ou discursos falados ou escritos).
O ensino da mesma deve valorizar o uso da língua em diferentes situações ou contexto sociais, com sua diversidade de funções e sua variedade de estilos e modos de falar.
Antes eu pensava que muitas pessoas falavam errado, mas hoje sei que na fala não existe certo ou errado e sim uma adequação com o meio de falar, pois devemos respeitar as diferenças, toda fala existe uma história, há um porquê, devemos sim ensinar a cultura escolarizada, ratificar sem menosprezar e expor a pessoa.
Nossa escrita não permite muitas coisas, a fala sim.

domingo, 23 de novembro de 2008

SUGESTÕES DE JOGOS PARA TRABALHAR A CONSTRUÇÃO DO NÚMERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Diante das aulas sobre o lúdico na Educação Infantil, no curso Alfabetização e Linguagem do Módulo 3, principalmente por estar vinculado à pratica, não poderia deixar de compartilhar com os colegas essas sugestões.

A Educação Infantil tem caráter interdisciplinar, partindo deste pressuposto, sugiro:

a) vivenciar situações onde o uso e a prática social da matemática estejam presentes;

b) interligar as áreas do conhecimento através de estratégias que permitam às crianças desenvolver suas habilidades;

c) ampliar o repertório de situações didáticas propostas pelos professores usando como atividades: jogos, literatura infantil, brincadeiras infantis (parlendas e cantigas), situações-problema, exploração de figuras geométricas e construção de gráficos e tabelas...


Para Kátia Smole (2000a), uma “proposta de trabalho de matemática para a escola infantil deve encorajar a exploração de uma grande variedade de idéias matemáticas relativas a números, medidas, geometria e noções rudimentares de estatística, de forma que as crianças desenvolvam e conservem um prazer e uma curiosidade acerca da matemática.
Uma proposta assim incorpora contextos do mundo real, as experiências e a linguagem natural da criança no desenvolvimento das noções matemáticas, sem, no entanto, esquecer que a escola deve fazer o aluno ir além do que parece saber, deve tentar compreender como ele pensa e fazer as interferências no sentido de levar cada aluno a ampliar progressivamente suas noções matemáticas (p.62).”

Para que a aprendizagem aconteça, ela deve ser significativa, exigindo que:

- Seja vista como compreensão de significados;- Se relacione com experiências anteriores, vivências pessoais e outros conhecimentos;

- Permita a formulação de problemas de algum modo desafiantes, que incentivem cada vez mais;

- Permita o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos, acontecimentos, noções, conceitos, etc;

- Permita a utilização do que é aprendido em diferentes situações;

- Permita modificações de comportamento. Uma das habilidades desenvolvidas no estudo da matemática é a de resolver problemas: um problema é toda a situação que permita algum questionamento ou investigação (Smole, 2000b, p.13).

As situações-problema podem ser: planejadas, jogos, busca e seleção de informações, resolução de problemas não-convencionais e, até mesmo, convencionais, desde que permitam o desafio.

1. JOGO DO TABULEIRO- Material: tabuleiro individual com 20 divisões, um dado com pontos ou numeração, material de contagem para preencher o tabuleiro (fichas, tampinhas, etc).- Aplicação: cada jogador, na sua vez, joga o dado e coloca no tabuleiro o número de tampinhas indicado no dado. Os jogadores devem encher seus tabuleiros.

2. JOGO TIRANDO DO PRATO- Material: pratos de papelão ou isopor (um para cada criança), material de contagem (ex.: 20 para cada criança), dado. - Aplicação: os jogadores começam com 20 objetos dentro do prato e revezam-se jogando o dado, retirando as peças, quantas indicadas pela quantidade que nele aparece. Vence quem esvaziar seu prato primeiro.

3. BATALHA- Material: baralho de cartas de ÁS a 10. - Aplicação: um dos jogadores distribui (divide) todas as cartas entre todos. Cada criança arruma sua pilha com as cartas viradas para baixo, sem olhar para as faces numeradas. Os jogadores da mesa (2, 3 ou 4) viram a carta superior da sua pilha e COMPARAM os números. Aquele que virar a carta de quantidade “maior” (número maior) pega todas para si e coloca num monte à parte. Jogar até as pilhas terminarem. - Se abrirem cartas de mesmo valor, deixar na mesa e virar as próximas do seu monte. - Vence aquele que pegar o maior número de cartas (estratégias: comparar a altura das pilhas, contar, estimar).

4. LOTO DE QUANTIDADE- Material: dado com pontos, cartelas com desenhos da configuração do dado e fichas para marcar as cartelas sorteadas. - Aplicação: cada jogador recebe uma cartela com três desenhos que representem uma das faces do dado. Na sua vez, joga o dado e se tiver na sua cartela um desenho IGUAL ao da face sorteada, deve cobri-la com a ficha. Termina quando alguém cobrir os três desenhos da sua cartela.

5. JOGO DO 1 OU 2 - Material: dado com apenas os números 1 e 2, ou fichas em uma sacola (números 1 e 2).- Aplicação: Cada jogador, na sua vez, joga o dado, ou retira uma ficha. O jogador lê o número e procura identificar em seu corpo parte que sejam únicas (ex.: nariz, boca, cabeça, etc) ou duplas (olhos, orelhas, braços, etc). Não pode repetir o que o outro já disse. Caso não lembre, a criança passa a vez. Jogar até esgotar as partes.

6. SACOLA MÁGICA- Material: uma sacola, um dado, materiais variados (em quantidade). - Aplicação: uma criança joga o dado, lê o número e retira da sacola a quantidade de objetos correspondente à indicação do dado. Passa a vez a outro jogador, até que todos os objetos sejam retirados da sacola. Podemos comparar as quantidades no final (mais/menos, muitos/poucos).

7. FORMANDO GRUPOS- Material: apito, cartazes com números escritos.- Aplicação: as crianças se espalham em um lugar amplo, até que se toque o apito. A professora mostra um cartaz com o número e as crianças deverão formar grupos com os componentes de acordo com o número dito. - Discutir: quantos conjuntos? Quantas crianças ficaram de fora?

8. O QUE É O QUE É? - Material: uma sacola e os blocos lógicos (sugiro 4 peças diferentes).- Aplicação: Selecionar as peças colocadas dentro do saco e mostrar às crianças. A criança coloca a mão no saco e através do tato identificará a forma que tateou. À medida que forem retiradas do saco, perguntar quantas ainda faltam.- Variação: a professora coloca a mão, descreve e as crianças tentam adivinhar. Ex.: tem quatro lados do mesmo tamanho (quadrado).

9. DEZ COLORIDOS- Material: canudos coloridos, copos de plástico e cartões com as cores dos canudinhos disponíveis. - Aplicação: as crianças formam grupos e cada uma retira de uma caixa maior um número determinado de canudinhos coloridos (ex.: pegue 10 canudinhos coloridos) e coloca em seu copo. Quando a professora sortear uma COR, os componentes colocam seus canudinhos da cor sorteada no centro da mesa. Solicitar que contem o total de canudinhos. Registrar os valores de cada grupo e recolher os canudinhos do grupo. - Variação: o jogo pode ser individual (cada criança retira os canudos) e contam quem tirou mais / menos / mesma quantidade, etc.

10-Tabuleiro - Organização da Classe: Duplas. Material: Um tabuleiro (um papel cartão retangular quadriculado em 4 linhas e 6 colunas) para cada jogador ou dupla. Regras - Um dado e fichas ( tampinhas, botões, grãos ) para cada jogador -Cada jogador na sua vez joga o dado e coloca no tabuleiro o número de tampinhas indicado no dado. -Vence o jogador que encher seu tabuleiro primeiro.

11-Livro: CLACT... CLACT... CLACT... Liliana e Michele Iacocca, Editora Ática, 1988.Faixa etária: crianças de quatro e seis anos. O livro conta a história de uma tesoura que encontra muitos papéis picados.Descontente com a qualidade dos recortes e com a desordem dos papéis coloridos, a tesoura resolve arrumar os papéis e para isso utiliza recursos como classificação e montagem de formas geométricas.

CONTEÚDOS, OBJETIVOS E HABILIDADES com o uso do livro Clact... clact... clact... Você pode trabalhar a identificação, comparação, descrição, classificação e desenho de formas geométricas planas, visualização e representação de figuras planas, compreensão das propriedades das figuras geométricas, perceberem a regularidade em uma seqüência dada e criar seqüências. Esse trabalho permite o desenvolvimento de algumas habilidades tais como a visualização, percepção espacial, análise, desenho, escrito e construção.

LENDO A HISTÓRIA

O trabalho com a leitura e com as explorações literárias da história deve ser o início de todo o processo a ser desenvolvido a partir do livro.Ao analisar a capa, proponha aos seus alunos que façam a leitura intuitiva, levando-os a colocar suas expectativas em relação ao texto a ser lido, procurando discutir as palavras novas e os sons onomatopaicos fortemente presentes na história. Escute e perceba as críticas e opiniões dos alunos sobre a história.Você também pode parar a leitura do livro em um determinado momento e discutir com a classe o que será que vai acontecer em seguida, como eles acham que a história continua, podendo mesmo registrar em forma de texto coletivo a continuação imaginada pelas crianças.

Depois, você pode sugerir aos alunos que comparem a versão dada pela classe com a originalmente proposta no livro.Vale ressaltar que esse é um livro sem final definido, pois após organizar todos os papéis, a tesoura espirra e tudo fica como ela encontrou no início, você pode discutir esse fato com os alunos e propor a eles que elaborem um outro final para a história; Pergunte aos seus alunos o que eles fariam se fossem uma tesoura encontrando os papéis misturados após um tremendo de um espirro. Anote a sugestão de cada um e depois elabore um texto coletivo. Em grupo os alunos irão criar uma ilustração para esse texto, usando papéis recortados na forma das figuras da história

12-Dominó ao contrário Este é de cores... O azul não se encosta ao azul, o verde não se encosta ao verde. Com esse jogo, a turma aprende a planejar e a corrigir.

- COMO FAZER: Em uma folha de papel, faça o contorno de uma figura qualquer - um objeto, um animal ou uma forma geométrica. Divida-a aleatoriamente. Para os pequenos de quatro a seis anos e para os iniciantes de 7 a 10, faça até dez subdivisões para não dificultar muito. Quando sentir que os alunos maiores já dominam a atividade, aumente as subdivisões ou deixe que criem as próprias figuras.

- COMO JOGAR O jogo é individual. Cada aluno recebe quatro canetas hidrocor ou lápis de cores diferentes e a folha com a figura desenhada. Os pequenos podem trabalhar com giz de cera grosso, pintura a dedo e colagem de papéis ou de tecidos. O objetivo é colorir a figura usando as quatro cores sem deixar regiões vizinhas da mesma cor. Áreas limitadas pelo vértice podem ter tonalidades iguais. Se a criança não conseguir completar a figura, dê a ela a oportunidade de repintar algumas áreas.

- VARIAÇÃO É possível trabalhar em duplas. As crianças têm de encontrar juntas, uma solução para o desafio.

13- Bolinhas de pingue-pongue – Soprar bolinhas de ping-pong: traçar duas linhas a uma distância de 3m uma da outra e formar fileiras uma de frente para a outra atrás das linhas. Inicia-se o jogo dando uma bolinha para as primeiras crianças de cada fila de um dos lados, estas deverão soprá-las até seus companheiros das filas à frente indo para trás destas filas. A criança que recebeu a bolinha repetirá a mesma ação para o outro lado e assim sucessivamente. Se for a forma de competição, vence a equipe que terminar primeiro

14-Arco – Íris A – fazer um arco-íris no chão com giz ou tiras de papel crepom coloridas. Colocar no final do arco-íris um baú (caixa de papelão) com brinquedos, bexigas, objetos ou fantasias que correspondam às cores do arco-íris desenhado no chão. Execução: formar fileiras, uma para cada cor atrás de uma linha em frente ao arco-íris a mais ou menos 1m de distância ao sinal do professor, os primeiros de cada fila deverão sair andando por cima da linha até o baú e trazer um objeto que corresponda à cor de sua equipe. Todos deverão repetir o mesmo processo; a próxima criança sairá somente quando seu companheiro ultrapassar a linha de chegada. A equipe que primeiro completar o jogo será vencedora.

15– Arco – Íris B – quando utilizar bexigas, seguir o mesmo processo acima onde as crianças deverão pegar no baú uma bexiga que corresponda à cor de sua linha e estourá-la,


LETRAMENTO

Letramento não é um gancho
Em que se pendura cada som enunciado,
Não é treinamento repetitivo
De uma habilidade,
Nem um martelo quebrando blocos de gramática

Letramento é diversão,
É leitura à luz da vela
Ou lá fora, à luz do sol.

São notícias sobre o presidente,
O tempo, os artistas da TV,
E mesmo Mônica e Cebolinha
Nos jornais de domingo.

É uma receita de biscoito,
Uma lista de compras, recados colados na geladeira,
Um bilhete de amor,
Telegramas de parabéns e cartas
De velhos amigos.

É viajar países desconhecidos,
Sem deixar sua cama,
É rir e chorar
Com personagens, heróis e grandes amigos.

É um atlas do mundo,
Sinais de transito, caça ao tesouro,
Manuais, instruções em bula de remédios,
Para que você não fique perdido.

Letramento é, sobretudo,
Um mapa do coração do homem,
Um mapa de quem você é,
E de tudo que você pode ser.

LITERATURA INFANTIL




“Nenhuma outra forma de ler o mundo é tão eficaz e rica quanto a que a Literatura Infantil permite”.

Através das histórias, a criança tem a oportunidade de enriquecer e alimentar sua imaginação, conhecer as diferentes culturas, as diferentes formas de vida coletiva, os diferentes modos de ser de cada pessoa, ampliar seu vocabulário, permitir sua auto-identificação, bem como, aprender a aceitar e refletir sobre situações relativas às dimensões de diversas categorias da problemática humana, desenvolver o pensamento lógico, a memória, estimularem o espírito crítico, vivenciar momentos de humor, diversão, satisfazer sua curiosidade, harmonizar-se com suas ansiedades, sugerindo-lhes meios para solucionar conflitos, adquirindo valores para sua vida.
La Fontaine escreveu: “Sirvo – me de animais para instruir os homens. [...] procuro tornar o vício, ridículo, por não poder atacá-lo com braço de Hércules. [...] Algumas vezes oponho, através de uma dupla imagem, o vício à virtude, a tolice ao bom senso. [...] Uma moral nua provoca o tédio: o conto faz passar o preceito com ele. Nessa espécie de fingimento, é preciso instruir e agradar, pois contar por contar, me parece coisa de pouca monta”.
Toda arte serve para distrair, entreter, fazer com que as pessoas esqueçam as dificuldades da vida. E também tem uma função crítica e social muito importante, de denunciar e conscientizar, além de ampliar a capacidade do indivíduo de pensar, sentir e interagir nas relações sociais. Ela deve ser mediadora entre o leitor e o mundo para que á partir dela ele possa redimensionar valores e vislumbrar novos horizontes para si e para a sociedade. Assim, uma educação que se queira libertadora, humanizante e transformadora, passa, necessariamente, pelo caminho da leitura.
Segundo Coelho: “Literatura é uma linguagem específica que, como toda linguagem, expressa uma determinada experiência humana, e dificilmente poderá ser definida com exatidão.
Suely Cagneti é pioneira em projetos de Literatura, e diz que Literatura tem muito de afeto. Na contação de histórias é possível trabalhar com sentimentos e emoções, fazendo com que a criança aprenda a lidar com diferentes situações e limites. Através do autoconhecimento passa a entender também o outro.
Conforme WADSWORTH, a Literatura infantil, ao contrário do que muitos pensam, não surgiu. Derivou de outra forma literária, ou melhor, da Literatura em geral.
Tudo começou a ser construído, nesse sentido, em meados do século XVIII, momento que se percebeu a criança como sendo diferente do adulto, em necessidades e características.
No início, a Literatura Infantil recebia apenas adaptações de textos escritos para adultos. Assim, surgiram as fábulas que a princípio não tinham a intenção de se direcionarem as crianças.
Contar histórias é a mais antiga das artes. Nos velhos tempos, o povo assentava ao redor do fogo para esquentar, alegrar, conversar, contar casos. Pessoas que viviam longe de sua pátria contavam e repetiam histórias para guardar suas tradições e sua língua. Contar histórias tornou-se uma profissão em vários países, como na Irlanda e na Índia. Com o advento da imprensa, os jornais e livros tornaram-se os grandes agentes culturais dos povos. As fogueiras ficaram para trás. Os velhos contadores foram esquecidos. Mas as histórias se incorporaram definitivamente á nossa cultura. Ganharam as nossas casas através da doce voz materna, das velhas babás, dos livros coloridos, para encantamento da criançada. E os pedagogos, sempre á procura de técnicas e processos adequados á educação das crianças, descobriram esta ‘mina de ouro’ – as histórias.
Os psicólogos aprovaram. Surgiu a literatura infantil.
Com a crise na Europa Feudal, as mães tiveram a necessidade de trabalhar para que suas famílias sobrevivessem. Seus filhos eram deixados com outras mulheres para que estas os alimentassem e deles cuidassem. Para passar o tempo e conseguir com que as crianças ficassem quietas, essas mulheres contavam histórias a elas. Segundo WADSWORT, dá-se então aí o início a Literatura Infantil. Essas histórias mais tarde seriam impressas e publicadas.
Com a revolução industrial e o surgimento da tipografia começou-se a produzir obras literárias especialmente para as crianças, mas a procura pelas obras era bastante precária, como até hoje, devido à disparidade cultural e social, que predomina em nosso meio até os dias atuais.
Monteiro Lobato é precursor da Literatura Infantil Brasileira. Sua obra toma dimensão a partir de sua interação com o grupo social e seu sentido se evidencia quando sua produção literária é contraposta as características da vida cultural brasileira até determinado ponto da nossa história.
Toda criança em processo de alfabetização pode se beneficiar da literatura, apesar de que ela ainda não possuir por parte de muitos educadores, um olhar diferenciado.
Muitos educadores ainda resistem em aceitar os benefícios que a Literatura traz ou simplesmente desconhecem-na.
Mas, para que tudo isso aconteça naturalmente é necessário que criança e escola tenham um relacionamento muito íntimo com a leitura. É claro que esse envolvimento entre aluno-escola-leitura, vai depender de muito trabalho e esforço por parte dos educadores e também da família, que deverá colaborar para que ao longo do tempo a criança adquira prazer pela leitura.
Ensinar a gostar de ler é exatamente isso: é ensinar a se emocionar com os sentidos e com a razão (porque, para gostar apenas com os sentidos, não há necessidade da interferência da escola); e, para isso, é preciso ensinar a enxergar o que não está evidente, a achar as pistas e a retirar do texto os sentidos que se escondem por detrás daquilo que se diz.
A literatura, estando no contexto do processo educativo desde a educação infantil e sendo utilizada de forma provocativa pelo educador, leva a criança questionar, levantar hipóteses, argumentar, comparar o conteúdo das histórias com os de sua vivência, ajudando assim na construção de um individuo autônomo e confiante em si, acima de tudo, vivendo sua infância de forma natural
O bom educador deverá reconhecer o valor da literatura na formação da criança e sempre estar atento para inovar com atividades (como bem sugere Sueli de Souza Cagneti) que chamem a atenção da criança, que sejam realmente prazerosas.
Por isso é preciso estar sempre inovando, sugerindo e ouvindo sugestões.

LETRAMENTO


O termo letramento era desconhecido para mim, apesar de ter sido introduzido no campo da lingüística na década de 80.
Na língua sempre aparecem palavras novas quando fenômenos novos ocorrem, quando uma nova idéia, um novo fato, um novo objeto surge, são inventados, e então é necessário ter um nome para aquilo, porque o ser humano não sabe viver sem nomear as coisas: enquanto nós não as nomeamos, as coisas parecem não existir, hoje em dia se usa com muita freqüência a palavra globalização, abrimos o jornal e lá está a palavra globalização; poucos anos atrás, ninguém usava essa palavra, não no sentido com que a estamos usando atualmente. Por que surgiu a palavra globalização? (Porque surgiu um fenômeno novo na economia mundial, e foi preciso dar um nome a esse novo fenômeno, surge assim a palavra nova.
Portanto, o termo letramento surgiu porque apareceu um fato novo para o qual precisávamos de um nome, um fenômeno que não existia antes, ou, se existia, não nos dávamos conta dele.
Um de seus primeiros registros aparece no livro “O mundo da Escrita: Uma perspectiva psicolingüística”, de Mary Kato, publicado em 1986, pela Ed. Ática.
A palavra letramento é uma tradução para o Português da palavra inglesa literacy; os dicionários definem assim essa palavra:
literacy = the condition of being literate, palavra latina = letra, cy: sufixo, indica qualidade, condição, estado. Exemplo: innocency: condição de inocente.
Traduzindo a definição acima, literacy é "a condição de ser letrado", dando à palavra “letrado" sentido diferente daquele que vem tendo em português. Em inglês, o sentido de literate é: educated; especially able to read and write (educado; especificamente, que tem a habilidade de ler e escrever), (Soares, 2004 p. 17 ).
Em inglês, o sentido de literate é, pois, o adjetivo que caracteriza a pessoa que domina a leitura e a escrita, e literacy designa o estado ou condição daquele que é literate, daquele que não só sabe ler e escrever, mas também faz uso competente e freqüente da leitura e da escrita.
Há uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado (atribuindo a essa palavra o sentido que tem literate em inglês). Ou seja: a pessoa que aprende a ler e a escrever, que se torna alfabetizada e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas social de leitura e de escrita, que se torna letrada, é diferente de uma pessoa que não sabe ler e escrever, é analfabeta, ou sabendo ler e escrever, não faz uso da leitura e da escrita, é alfabetizada, mas não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita.


ESCOLHA BEM SEU LIVRO DE LITERATURA INFANTIL

Ao escolher um livro de literatura para sua coleção de sala de aula, segundo Lígia Cademartori é necessário seguir alguns critérios e analise.

São considerados recomendáveis os livros que apresentam as seguintes características:

1- Predominância da nomeação estética que constitui o literário, em caso de livros informativos, a relevância, adequação, correção e clareza da informação;
2-Linguagem adequada ao domínio cognitivo do leitor;
3-Temas apreensíveis por leitor de vivências limitadas por determinação etária;
4-Modelizaçao do real que possibilita a reação do destinatário no sentido da antecipação de possibilidades existenciais ainda não experimentadas ( reformulação de expectativas);
5-Personagem constituído de modo a possibilitar o processo de adesão do leitor infantil, por via da identificação, e capaz de transformar a circunstâncias e superar as dificuldades que constituem as provas pelas quais deve passar ao longo do enredo narrativo;
6-Composição narrativa ou poemática adequada à competência textual do leitor das primeiras séries, de modo que ele possa identificar o universo de referencia onde se inscrevam as personagens e suas esferas de ação.
7-Ilustrações que configurem uma linguagem visual de expressividade estética não apenas redundante ao texto, mas rica em elementos interpretativos.

São levados ainda em conta, o título e o trabalho de capa na medida da atração que possam exercer sobre o leitor infantil, assim como a adequação do tipo gráfico ao destinatário e, também aspectos da fisicalidade do livro que determinam sua resistência.

BRINCAR, VIVER E APRENDER


PRAZER E ALEGRIA não se dissociam jamais. O Brincar e incontestavelmente uma fonte inesgotável desses dois elementos. O jogo, o brinquedo e a brincadeira sempre estiveram presentes na vida do homem.
Brincar é sinal de saúde, pois dificilmente uma criança que está bem se nega a entrar em uma atividade lúdica. Até para detectar problemas físicos e psicológicos, as brincadeiras são úteis. Porque, enquanto brinca, a criança expressa seus sentimentos, tanto de alegria e envolvimento como angústia, timidez, honestidade, agressividade, medo, solidão, tristeza. Esses momentos são riquíssimos e servem para o professor entender como seu aluno está se relacionando com o mundo.
Por isso, é papel da escola garantir espaços para atividades lúdicas, tanto em sala de aula como ao ar livre. Por sua vez o professor deve buscar fundamentação teórica de qualidade para contribuir e enriquecer sua prática pedagógica, com muita leitura, estudos e discussões com seus pares.
Segundo Fontana (2003, p. 37), afirma que “uma prática não se transforma sem teoria ( critica) e uma teoria que não impregna a prática corre o perigo de tornar-se estéril. O exercício didático-pedagógico carece, num primeiro momento, de uma fundamentação teórico-epistemológico consistente; num segundo momento, de uma reconstrução de sua prática à luz desta fundamentação.




Quem Nunca Brincou Na Lama

Mijou Na Cama
Pisou Em Espinho
Matou Passarinho
Subiu Em Telhado
Roubou Melado
Andou Pelo Mato
Pegou Carrapato
Levou Uma Surra
E Carreira De Boi

Paulinho Pedra Azul

BRINCAR PARA APRENDER

É precisa (re) descobrir o gosto, o sabor de brincar
De (re) encontrar a criança de cada um.

Nas atividades lúdicas, a criança vivência
experiências e aprende com elas. Brincando ela
desenvolve o cognitivo, o que possibilita a promoção
de resolução de conflitos que surgem durante essas
atividades, estimulando, assim, o raciocínio. O
amadurecimento das habilidades motoras que é
proporcionado pelas brincadeiras.

“Brincar é “ pensar” com o corpo inteiro, assim como
dançar, pintar, desenhar, fazer teatro, cantar, dar
cambalhotas, pular amarelinha, escolar uma
montanha”. DESCONTO (2002).


A criança quando brinca de faz-de-conta,
experimenta emoções diversas a todos os
indivíduos, o que leva a aprender a respeitar
regras e limites e a conviver com outras pessoas.


Nas brincadeiras tradicionais, ela entra em contato
com experiências passadas que fazem parte da
cultura em que vive, do seu meio. Assim passa a
construir sentimentos, fantasias, angustias, medos e
aprende a se relacionar com o mundo e a conhecer a
história de seu grupo social.


No jogo está a alma das relações humanas é nele
que as crianças se preparam inconscientemente
para o mundo real.


O brincar é um momento mágico e único que deve
Ser valorizado. Por isso, ENCANTE-SE! DELICIE-SE!
DIVIRTA-SE! BRINQU


ALGUMAS SUGESTÕES DE COMO COMEÇAR O TRABALHO COM LITERATURA

ALGUMAS SUGESTÕES DE COMO COMEÇAR O TRABALHO COM LITERATURA

Buscar experiências relacionadas ao tempo do texto antes da leitura.
Falar um pouco do autor antes de ler o livro.
Projeto de textos diversos sobre o mesmo assunto – o mundo é feito de vários pontos de vista.
Estimular a observação das características dos personagens, como: expressões faciais, adjetivos, descrição física, discrição psicológica, ações, etc.
Reconhecer com os alunos o ambiente onde se passa a história; discrição, ilustração, mudanças.
Motivar a percepção do uso lúdico da linguagem; rimas, ritmos, sonoridade, opostos, comparações, recursos expressivos.
Fazer, junto com os alunos, a leitura da linguagem visual como complemento da linguagem escrita; ilustrador / autor.
Incentivar os alunos a perceberem os diferentes gêneros literários no mesmo livro ou em diversos gêneros.
Discussão de textos; discussão da vida, enriquecimento pessoal.
Organizar em sua sala de aula um espaço com livros.
Ler um pedaço da história e deixar os alunos imaginarem a seqüência. Depois cada um lê a sua continuação e o professor lê a seqüência original.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

PORTFÓLIO

PORTFOLIO

Há dois anos atrás ouvi a palavra portfólio pela primeira vez, tive a impressão que era algo terrível, pelo pânico que minhas colegas de trabalho estavam, comentavam o tempo todo que teriam que construir um portfólio para ser entregue no final do PIE (Curso se Pedagogia para Professores em Exercício no Inicio de Escolarização ), oferecido pelo Governo do Distrito Federal e Secretaria de Estado de Educação do DF, ministrado pela UNB (Faculdade de Educação).
Todas estavam apavoradas, sempre eu perguntava a uma ou outra colega e nenhuma sabia me explicar o que realmente o significado da palavra PORTFOLIO, pior ainda, não vi o produto final de nem uma delas.
No inicio do ano de 2008, fui presenteada por Deus com o curso de Alfabetização e Linguagem pelo CFORM ,uma das primeiras aulas foi sobre o tão temido “PORTFÓLIO”, descobri que não era tão difícil assim como falavam, adquiri logo o Manual do Portfólio (Um guia passo a passo para o professor ), de Elizabeth Shores e Cathy Grace, que esclareceu ainda mais e reforçou tudo o que o professor Leandro havia falado em sua de aula.
Aprendi que Portfólio é um instrumento de avaliação formativa, onde alunos, professor e família fazem parte do processo.
Segundo Harlen e James (1997), esse tipo de avaliação é conduzida pelo professor, onde os alunos exercem papel central, devendo atuar ativamente em sua própria aprendizagem, destina-se a promover a sua própria aprendizagem. Abandona-se a avaliação unilateral, onde somente o aluno é avaliado e apenas pelo professor.
Para Barton e Collins (1997) é importante que o aluno escolha seus trabalhos para saber que ele faz parte do processo.
O pertencimento do trabalho ao aluno ( eu pertenço).
Segundo Villas Boas (2004), os princípios básicos da construção do portfólio, permitem escolhas de tomadas de decisões; reflexão; análise constante de suas produções; auto avaliação, que é a sua avaliação processual; criatividade, onde o aluno escolhe a forma de fazer, onde lhe permite ser e fazer de formas variadas.
Batista (2006) relata sobre a comunicação, a processualidade, quanto a relação de tempo que valoriza as possibilidades de aprendizagem e a oralidade.
Para Klenowski (2003, p 116), os princípios norteadores são: Promover nova perspectiva da aprendizagem; é um processo que requer auto-avaliação e que encoraja a seleção e a reflexão do aluno sobre o seu trabalho; considera os professores como facilitadores da aprendizagem.
Quanto à duração pode ser construído durante um mês, um bimestre, um semestre, um curso, uma disciplina.
É possível se avaliar com a construção de um portfólio na Educação Infantil, com as devidas adaptações, dados, o nível de desenvolvimento dos alunos e a natureza das atividades.
O professor deve estar atento às reações das crianças para ele próprio descrevê-las no portfólio. Professores e alunos refletem conjuntamente, sobre o que foi aprendido.
Para que isso aconteça, o professor precisa ter o hábito do registro, inclusive no parque. Ter um olhar etnográfico, como disse a professora Rosineide Magalhães, em sua aula sobre etnografia.

Relembrar é viver novamente

DINAMICA DA ROSEIRA

Feche os olhos...........(pausa)
Relaxe.......(pausa)
Ouça a música.......(pausa)
Sinta a beleza desta música.....(pausa)
Esqueça todas as coisas que ficaram lá fora........(pausa)
Deixe-se levar por esse momento(pausa)
Busque suas memórias de vida....(pausa)
Imagine que você é uma sementinha que foi crescendo.....(pausa)
Uma sementinha lançada ao solo......(pausa)
E está sementinha se transformou em uma roseira.........(pausa)
Uma sementinha lançada ao solo......(pausa)
Veja que linda roseira se transformou......(pausa)
Olhe para você........(pausa)
Reconheça cada parte........(pausa)
Você é uma roseira grande?(pausa)
Ou pequena?(pausa)
Tem rosas? (pausa)
Espinhos? (pausa)
Como é seu perfume, exala entre outras flores? (pausa)
Como são suas folhagens? (pausa)
Como são suas raízes? (pausa)
Suas raízes estão firmes no solo? (pausa)
Ou estão fragilizadas?
Observe como estão seus galhos? (pausa)
Você tem espinhos? (pausa)
Como são seus espinhos? (pausa)
E suas rosas? Você permite que outras pessoas possam colhê-las?
Você permite que os pássaros venham cantar para você?
Que as borboletas venham brincar em sua volta?
Que as abelhas venham buscar o seu néctar para a produção de mel? (pausa)
Você tem oferecido uma de suas rosas para as pessoas que tem se aproximado de você? (pausa)
Observe tudo o que tem passado a seu redor? (pausa)